Por Oblatvs – Mais cedo ou mais tarde o dia haveria de chegar. E chegou. A lua de mel do Papa Francisco com o establishment católico termina hoje. Silenciosa e envergonhadamente küngs, boffs, bettos e outros bichos passarão a desconstruir a imagem do Papa e, num dado momento, passarão à aberta e escancarada oposição.
Sinceramente, não lamento; aliás, saúdo a aurora deste dia. Nada mais desconcertante para um Papa que um elogio desta súcia. O Papa Francisco lhes serviu enquanto último golpe contra Bento XVI, a quem odeiam ex imo corde, do lado esquerdo do peito. Ocorre que nunca morreram de amores por Bergoglio, nele procurando somente certos sinais que, vistos sob torta perspectiva, moldariam o anti-Ratzinger.
O início do fim chegou com o Comunicado da Congregação para a Doutrina da Fé acerca do encontro com a presidência da Leadership Conference of Women Religious in USA. Aos iniciantes, o resumo da ópera: a vida religiosa, sobretudo feminina, nos Estados Unidos passa pela maior crise de sua história. Ao lado de notáveis testemunhos de vitalidade e santidade, em geral vividos no silêncio da oração e das obras de caridade, freiras dissidentes são a cara da vida religiosa americana. Uma delas, a quem chamei de “noiva do Chucky”, chegou ao cúmulo de servir de voluntária numa clínica abortista, já que a promoção do aborto parece ser o quarto “voto” destas senhoras.
Estas senhoras têm um “magistério” próprio, o “magistério das freiras”, em oposição ao magistério do Papa e dos bispos americanos. O episcopado americano apelou à Santa Sé. A tal ponto chegou a perfídia destas senhoras que os bispos não puderam esperar a solução biológica, já que em poucos anos desaparecerão sem herdeiras e sem deixar saudades.
Bento XVI ordenou uma visitação apostólica, ou seja, um estudo cuidadoso da situação a fim de apoiar a autêntica vida religiosa e corrigir os desvios que nela se introduziram. Não foram poucas as resistências: de algumas freiras, de certos grupos de pressão ainda existentes nos EUA e, creiam, de alguns na Cúria Romana. O próprio secretário da Congregação para os Religiosos, o arcebispo Joseph Tobin, tomou o partido das freiras dissidentes e foi despachado para Indianápolis por Bento XVI em 2012. E o prefeito, Cardeal Bráz de Aviz? Bem, só fala grosso contra a Cúria Romana, afinal, nada mais confortável do que “chutar cachorro morto”.
Muitos esperavam que o Papa Francisco adotasse uma posição paternalista e transigisse com o império das freiras. Elas são articuladas, têm amigos importantes na política, nas corporações, nas instituições e sobretudo na mídia – esta terrível demolidora de reputações. Não é à toa que poucos têm peito para enfrentá-las.
Mas o Papa Francisco reafirmou o resultado do trabalho, chamado “Doctrinal Assessment” (Avaliação Doutrinária), e o programa de reformas desta mesma conferência de religiosas. E ao que parece, a Congregação para os Religiosos ficou à margem do processo. Quando e como as tão esperadas reformas virão é difícil prever. Mas, como bom reformistas, sabemos esperar.
Fonte:fratresinunum.